Nunca sabe ao certo como se comportar caminhando pela rua, não sabe se mexe na bolsa, como deve deixar o braço, se deve olhar nos olhos as pessoas que passam, ou se simplesmente olha para o chão. "Poque toda vez que tu tá caminhando tu ficas pensando nisso, pára de pensar e quem sabe tu age como uma pessoa normal".
Ele saía de casa, estava tentando parar de fumar e encontrou nos exercícios um prazer, pegou a bicicleta e saiu pelas ruas, sem destino, mas não gostava do movimento da avenida e optou por pegar uma rua paralela. Não entendia muito de bicicletas, apenas queria fazer um exercício físico. Deveria estar fazendo aquela cara engraçada que os amigos dizem ele têm quando tá concentrado. Nunca sabia ao certo que marcha usar em cada obstáculo da rua. "As pessoas devem reparar que eu não entendo muito disso. Será que devo fazer cara de que faço isso há anos ou simplesmente tentar relaxar o rosto, devo olhar parar as pessoas ou não? Quem sabe tu relaxa e tenta pedalar normal...?".
Ela estava há três quadras de casa, pensando se seria a única pessoa do mundo que diz que não se importa com o que os outros pensam, e realmente acredita nisso, mas dentro de si mesma ela vê que sim. Ela se importa. Não muito, mas o suficiente para que não consiga relaxar caminhando. "Eu devo estar enlouquecendo!"
Ele estava há três quadras de casa, pensando no porquê se importava com o que os outros pensavam, já que sua vida só diz respeito a ele próprio. Até conseguia esconder que se importava com o que pensavam, e realmente gostaria de não se importar, mas sabia que no fundo era inevitável. Perguntava-se se seria a única pessoa do mundo que pensava assim. "Porra, tu deve tá ficando louco, que vontade de fumar".
Pelo caminho ela resolveu olhar as pessoas, justamente nos olhos, e viu que elas, realmente não se importavam com sua presença, ela era apenas mais um ser, alí, naquele mundinho, caminhando que nem uma idiota.
Pelo caminho ele resolveu olhar as pessoas, justamente nos olhos, e viu que elas, realmente não se importavam com sua presença, ele era apenas mais um ser, alí, naquele mundinho, pedalando que nem um idiota.
Ela tropeçou.
Ele errou a marcha.
Ela viu Ele.
Ele viu Ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário